12 (Retirado da compilação 13 poemas)
o negro coração carbonizado na combustão dos anos.
O arauto veio buscar o resto da minha doença
e deixou-me morto, vivo como um cadáver...
Em mim se abate o silêncio,
escorrendo lento, ácido, neutro, alcalino,
açúcar albino que me descolora o sangue...
desolada mente consumida em chamas
de sonhos e ilusões, apagadas ao som da música nocturna
surda no teu coração...
Os invernos contavam histórias, fábulas antigas
agora contam desgraças e cadáveres...
abandonados pelas guerras da história
jazendo putrefactos no esquecimento das gestas da batalha...
O silêncio abateu também sobre eles
a voz calou-se-lhes, presa nas gargantas,
os sonhos, abandonaram-nos em poças de sangue,
enlutados na noite de miséria e putrefacção...
O seu âmago de sonhos calou-se morto no seu sono
bradando surdo o clamor da morte...
Macedo de Cavaleiros 21\09\01