O meu desejo, nem eu vejo,
o seu raiar na escuridão.
Posso senti-lo,
quase cheira-lo,
mas é difícil de alcançar.
Por vezes oiço-o,
sorrindo baixinho:
“Anda, anda, vem brincar…”
Não sei se troça, se me goza, ou alenta a despertar.
Acordar do noctambulismo
e olhar o trilho a pisar.
O meu desejo,
talvez não deseje
e
seja o sonho pesadelo.
Um ferino acordar.
Meu desejo,
esse sonho.
É maior do que o mar,
é um abismo vazio,
onde quero mergulhar.
Atirar-me de cabeça,
pultricar pelo ar.
Antes de afundar-me no nada
e enchê-lo de amar…