terça-feira, janeiro 10, 2006

12 (Retirado da compilação 13 poemas)

As paredes murmuram como que vivas

o negro coração carbonizado na combustão dos anos.

O arauto veio buscar o resto da minha doença

e deixou-me morto, vivo como um cadáver...

Em mim se abate o silêncio,

escorrendo lento, ácido, neutro, alcalino,

açúcar albino que me descolora o sangue...

desolada mente consumida em chamas

de sonhos e ilusões, apagadas ao som da música nocturna

surda no teu coração...

Os invernos contavam histórias, fábulas antigas

agora contam desgraças e cadáveres...

abandonados pelas guerras da história

jazendo putrefactos no esquecimento das gestas da batalha...

O silêncio abateu também sobre eles

a voz calou-se-lhes, presa nas gargantas,

os sonhos, abandonaram-nos em poças de sangue,

enlutados na noite de miséria e putrefacção...

O seu âmago de sonhos calou-se morto no seu sono

bradando surdo o clamor da morte...

Macedo de Cavaleiros 21\09\01