segunda-feira, fevereiro 26, 2007

O meu desejo, nem eu vejo,

o seu raiar na escuridão.

Posso senti-lo,

quase cheira-lo,

mas é difícil de alcançar.

Por vezes oiço-o,

sorrindo baixinho:

“Anda, anda, vem brincar…”

Não sei se troça, se me goza, ou alenta a despertar.

Acordar do noctambulismo

e olhar o trilho a pisar.


O meu desejo,

talvez não deseje

e

seja o sonho pesadelo.

Um ferino acordar.


Meu desejo,

esse sonho.

É maior do que o mar,

é um abismo vazio,

onde quero mergulhar.

Atirar-me de cabeça,

pultricar pelo ar.

Antes de afundar-me no nada

e enchê-lo de amar…

Viagens...

Fora do berço, por terrenos mais planos e regiões mais centrais. A escassos quilómetros do mar, precisamente em Aveiro, algures no bairro do liceu. É de onde se processa a actualização do blog. Uma real actualização, com novos ares e novas gentes, com outro desenrolar da rotina, melhor, um constante enrolar da rotina...
Kafka, espera na mochila a hora da revelação das suas Cartas ao pai. Ou talvez, num seguimento cronológico comecemos pel'A metamorfose e só depois invadamos a privacidade do "Homem" e das suas Cartas. Na verdade faz tudo parte d'Oprocesso, ou não é assim?

É preciso quebrar a rotina, tal como é preciso arrancar a erva sem cessar e plantar o arame farpado*...

É preciso...

E os "ses"...

*Alusão a Heiner Müller, poeta alemão!

PS: O título do post, é o link para um blog de alguém do qual desconheço toda a existência, à excepção desse mesmo blog. Encontrei-o por mero acaso numa pesquisa no google e agradou-me, recomendo e por isso facilito o acesso a quem mais quiser perder-se por aquelas linhas e trechos de memórias e visões...

quarta-feira, fevereiro 14, 2007

Enquanto te masturbas, egoísta, buscando o prazer que te negam.

Morrem milhares por egoísmos parvos e valores que não veneram.

Explodem bombas no mundo, mutilando ideais e vaidade,

cessando relações sem essência, baseadas na promiscuidade.

E tu choras, porque não encontras uma razão de viver.

E outros choram de dor, sem ter nada para comer.

Perguntas-te, mas que se passa, onde vai isto parar?

Onde pára não sei, mas garanto que vai continuar.

Vai continuar enquanto persistir o sonho da liberdade,

vai continuar enquanto o sonho não for realidade.


Vivo envolto em utopias e ilusões, duma sociedade

que me fascina na mente a alegria de poder-mos viver em harmonia,

mas que se afasta dia após dia, no meio desta confusão

e não resta dessa ilusão, qualquer possibilidade.

Afasta por entre guerras e conflitos que tais, essa alegria,

De um dia ver o mundo unido, amando-se como uma só nação.

Tem sido difícil responder a todos os mails e ler todos os comentários, que têm inundado o blog, mas lá se vai arranjando um tempinho para coordenar as coisas e postar material novo. Mesmo quando os comentários ao mais antigo, não param de chegar. Desde já o meu muito obrigado a todos os visitantes e contribuintes do blog, por me darem força para o manter em pé. É essa mesma força, que me dá vontade de continuar o meu trabalho e enveredar em novos e ambiciosos projectos. É bom poder contar sempre com tanto apoio, sem isso já teria desistido há muito...

Como afinal, consegui arranjar o PC, mais rápido que o previsto. Espero poder actualizar a minha monotonia mais vezes...

Até lá, fica bem...

segunda-feira, fevereiro 12, 2007

Heiner Müller - Floresta em sonho

Esta noite atravessava uma floresta a sonhar
Ela estava cheia de horror. Seguindo a cartilha
Os olhos vazios, que nenhum olhar compreende
Os bichos erguiam-se entre árvore e árvore
Esculpidos em pedra pelo gelo. Da linha
De abetos, ao meu encontro, através da neve
Vinha estalando, é isto um sonho ou são os meus olhos que a vêem,
Uma criança de armadura, coiraça e viseira
A lança no braço. Cuja ponta faísca
No negro dos abetos, que bebe o sol
O último vestígio do dia uma seta de ouro
Atrás da floresta do sonho, que me faz sinal de morrer
E num piscar de olho, entre choque e dor,
O meu rosto olhou-me: a criança era eu.

Mário de Sá-Carneiro - «Indícios de Oiro»

Esta inconstância de mim próprio em vibração
É que me há-de transpor às zonas intermédias
.

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Parece-me então,

que passados cento e trinta e cinco dias, resolvi voltar a postar no blog e dizer "de mim para mim", citando um certo humorista com apelido de árvore. Resolvi voltar e anunciar que caso tudo corra bem, usando uma expressão coloquial, esperando que "tudo corra sobre rodas"; Voltei para anunciar que o meu livro, a dar pelo nome de "Poemas para colorir", deverá ser lançado em Macedo de Cavaleiros, no início de Junho, em edição de autor. Só mais tarde procurarei editor, para voos mais altos...

E vou também, concorrer a um prémio de poesia, com poemas inéditos ao livro...

Bem, já apanhei as canas.

Agora como estou sem computador, o que me limita as visitas à internet. Se me voltar a apetecer postar, escrevo no telemóvel e envio a mensagem para mim. O efeito é quase idêntico...